Uma lição escrita em americano.

14-01-2013 00:00

 

Existe alguma indústria onde os seus players podem competir e cooperar simultaneamente? Na indústria do desporto sim, pelo menos nos Estados Unidos da América.

A lógica é tão simples como: quanto mais cooperarmos, maior será a competitividade dentro do terreno de jogo e, consequentemente, o interesse de consumidores, investidores, media, patrocinadores, marcas, entre outros, também crescerá. No final todos ganharemos.

Os clubes aumentam as suas fontes de receita e a possibilidade de investirem em melhores jogadores, infraestruturas modernas, ações com os seus fãs e em tudo aquilo que possa servir para melhorar a experiência e o espetáculo, dentro e fora do campo.

Os consumidores e fãs vêm a sua experiência de assistir a um jogo e relação com o clube melhorada. Com isto, existe uma maior envolvência, uma maior atração de novos seguidores, um maior interesse em ir assistir aos jogos no estádio e, quando lotado, na televisão.

A televisão vê o interesse neste tipo de eventos crescer e consegue capitalizar mais recursos financeiros por transmissão efetuada, uma vez que existe um maior interesse das marcas em ganharem espaço para exposição e aumento de notoriedade.

Os patrocinadores e marcas associados ao clube aumentam a sua notoriedade e vendas (espera-se!), razão pela qual investiram tanto dinheiro no desporto.

Sim, isto é possível se existir um real compromisso dos clubes e organizações que gerem os campeonatos em cooperar fora do campo e competir dentro deste.

Seria bom se o desporto nacional aprendesse alguma coisa com esta lição americana. Organizações e clubes deviam estar mais preocupadas com aqueles que “alimentam” este espetáculo e não apenas com aqueles que o realizam. Mas, infelizmente, para isso era preciso haver uma grande reforma que, como sabemos, não interessa à grande maioria daqueles que vivem e revivem nesta indústria.

Dou apenas 3 exemplos de coisas que poderiam/deveriam ser feitas na indústria do futebol, aquela que move a maioria do dinheiro em Portugal e na Europa:

1-      Reduzir o número de equipas da Liga Nacional de 16 para 8. Um país com esta dimensão tem quase mais equipas de futebol do que padarias. Isto não faz qualquer sentido, ainda para mais quando a maioria dos clubes estão falidos. Se tivéssemos 8 clubes o interesse e competitividade seria realmente maior na liga principal, bem como nas ligas inferiores. Teríamos 4 em vez de 2 jogos com cada adversário, sendo que dois desses jogos poderiam ser jogados em outros estádios do país que não o do clube.

2-      Limitar os custos com pessoal a 50% do valor de receitas gerado pelo clube. Medida semelhante já tomou a Alemanha que elevou o campeonato alemão para um dos campeonatos mais competitivos e interessantes da Europa. Não foi só isto que impulsionou a Bundesliga, mas ajudou.

3-      A própria Liga poderia angariar todos os direitos de Televisão e distribui-los pelos clubes tendo por base os resultados da época anterior (meritocracia).

Talvez tenha chegado o momento das grandes cabeças do desporto nacional comprarem uma viagem e passarem uma temporada no continente americano…a trabalhar.

Até amanhã!